Fonte: Caderno B, Jornal do Brasil, de 9/05/1971.

Apenas para matar o tempo, fiquei imaginando, entre as mulheres que conheço, aquela que mereceria este título efêmero: A Mãe do 1° Domingo de Maio. Ao sabor do vento.

A primeira que veio foi Danuza Leão. Não a Danuza mãe de três filhos, só a mãe de Pink. É sensacional o desembaraço de Danuza, recusando-se a (e conseguindo) ultrapassar os 20 anos de idade. E assim Pink, se teve mãe mitológica até completar 15 anos, a partir daí ganhou uma amiga na pessoa de Danuza. Quando estão juntas na festa, mãe e filha conseguem diluir o parentesco tão próximo, de modo a transformá-lo em amizade igual à que reina entre os outros convivas. E Pink pôde crescer sem aquela submissão neurotizante da mocinha que tem uma mãe jovem, mas que deve chamá-la dona Danuza.

Dona Danuza? Corta essa.

Leila Diniz? Bem, Leila está apenas grávida de três meses. Mas demonstrou sempre uma irresistível vocação de mãe. Como professora, era adorada pelos alunos. Ensinara tudo igual às outras professoras, o bê-á-bá e essas coisas, mas já possuía aquele lado moleque que faz dela um ser adorável. Agora, disposta a ter o seu próprio bebê, ela faz coisas incríveis. Por exemplo: ainda no primeiro mês, sem barriga de espécie alguma, ia para a praia com aquela bata de future maman, sentava numa cadeirinha de lona, cruzava as duas mãos sobre o ventre e fazia aquele ar sereno, peculiar à mulher que está esperando.

Mesmo assim, a mãe deste domingo é Dina Sfat. Dina é mulher de coração claro, aberto ao mundo. Sem preconceitos. Então chegou Isabel. Uma nova mulher surgiu dentro de Dina. Profissão: mãe de Isabel. Essa mãe passou a contemplar o mundo com uma vigilância feroz de galinha com pintinhos. Tornou-se um espírito crítico, descobriu quais são os erros que a juventude também comete. E pensa num futuro para a sua filha.

Ei-la: a mãe revolucionária, que depois de dar à luz começa a pensar num meio de transformar o mundo em que seu rebento viverá, para que este seja feliz.

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