Pode o Marcito dizer que é mania de velho, essa de buscar a origem de uma palavra. Marcito é o Márcio Moreira Alves. Mas ele próprio pede a entrada nos dicionários do neologismo “cleptocracia”. Quer dizer governo dos ladrões. O fato é que a etimologia ilumina uma palavra. Vejam “secretária”, por exemplo. Fica transparente, uma vez ligada à sua fonte latina. É a mesma de segredo. A que guarda segredos. A confidente, que merece confiança.
Sei que há empresas especializadas em selecionar uma boa secretária. É mais ou menos como agência que acha noiva e promove casamento. O critério pode ser objetivo e dar certo. Mas há na escolha um elemento pessoal que é intransferível. O noivo bate o olho na escolhida e a intuição é que lhe diz se é essa mesmo. Corro o risco de ser mal interpretado, mas secretária tem algo de conjugal. De novo a etimologia: conjuga. Une.
E une às vezes como unha e carne. Daí um empresário dizer, como disse Lawrence Pih, que a secretária é a extensão do seu ego. Está de tal maneira jungida, conjugada, que é como se fosse uma só pessoa. Confiança é como autoridade. Tem-se ou não se tem. Não sei até onde é o caso de responsabilizar as secretárias. Isto é lá com a CPI. A Rose, que é Rosinete e tem procuração com plenos poderes. A Elizabeth, que se demitiu.
E a Ana, que é Ana Acioly e Maria Gomes. Tem um nome quilométrico, segundo o nosso costume. Herança ibérica. Mas é Aninha. No diminutivo está o toque brasileiro. Nome pequeno e simpático, Ana. Além do mais, palíndromo. Pode ser lido de trás pra diante. Dizem que dá sorte. Como o meu nome de pia também é palindrômico, acredito que dá mesmo. Desculpem a mania, mas Ana vem do hebraico. Daí a grafia Hannah, como a personagem de Woody Allen.
No hebraico quer dizer cheia de graça. Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, é uma devoção popularíssima. No entanto, não está na Bíblia. Só aparece num evangelho apócrifo. Sua festa é no dia 26 de julho. Li que pelo século 13 a santa entrou na Inglaterra e o nome virou nobre. Houve seis rainhas Ana. Hoje há a princesa Anne, a primogênita. A nossa Aninha, essa do PC, acaba de ser mãe. Por aí, está cheia de graça. Cheia de segredos estará a Maria Gomes. Ou qualquer outro de seus heterônimos.