AcervoInstituto Moreira Sallesx

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1805 itens
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6 jun 1973
Nudez
Rachel de Queiroz
O Cruzeiro
A filha tentava convencer a mãe a ir à praia e a velha resistia: estava muito idosa e gorda para vestir maiô. — Mas, mamãe, eu já vi de maiô, na praia, muitas senhoras mais velhas e mais gordas do que você! E a velha, suavemente: — Eu...
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14 abr 1971
O Rei Pelé
Rachel de Queiroz
O Cruzeiro
Afinal tive outro dia a oportunidade de ver Pelé, não apenas na tela da TV, envergando a famosa camisa dez, não ao sol do campo ou sob os holofotes do Maracanã; fui apresentada ao Rei no território amigo da nossa José Olímpio, apertei-lhe a...
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24 fev 1962
Odylo, o jornalista
Rachel de Queiroz
O Cruzeiro
Ontem, numa roda de amigos, discutia-se jornalismo e jornalistas, quando de repente alguém suscitou a pergunta inevitável: qual o mais completo jornalista brasileiro, entre os atuantes? E a resposta veio numa curiosa unanimidade, tratando-se de um...
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Suspeita & crime
Rachel de Queiroz
O Cruzeiro
Afinal acabaram descobrindo quem matou Rubens Berardo; o criminoso já confessou, era um assaltante comum. E este triste episódio criminal me tem levado muito a meditar na crueldade do noticiário de imprensa quando ocorre um crime desses,...
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2 mar 1974
Perfil a lápis
Paulo Mendes Campos
Manchete
A ecologia era esta: vovó me dava doces. Vovó me deu um Menino Jesus de barro. Mamãe comprava palmito para a minha salada de alface. Papai fazia cadernos para que eu estudasse. Tia Zizinha cortava-me as unhas com muito carinho. Tia Nininha...
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3 set 1989
O poeta estranho
Paulo Mendes Campos
Jornal do Brasil
Amigo meu, escritor de sucesso (conceito e faturamento) costuma dizer-me que a literatura já era. Diz e demonstra. Concordo com ele e vou além: tudo já era, menos a sobrevivência das multidões. Não há mais nada de interesse categórico em...
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30 maio 1953
Caderno velho
Paulo Mendes Campos
Manchete
Foi entre 20 e 23 anos que enchi de notas este caderno grosso, de capa vermelha. Era mais profundo e pretensioso do que um abismo. Hoje, relendo-o, não chego a rir-me, nem a irritar-me, mas apenas concluo que, se o tempo, por um lado nos desgasta e...
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20 fev 1955
Diálogo
Paulo Mendes Campos
Diário Carioca
— A menina abre o livro ilustrado que conta a história de Cinderela. — Papai, quem é essa moça?  — Cinderela.  — Por quê?  — Porque o nome dela é Cinderela. — Por que o vestido dela é feio? — Porque ela é pobre. — Por que...
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31 ago 1957
Di
Paulo Mendes Campos
Diário Carioca
Eu ia por um caminho, encontrei Di Cavalcanti. Sempre o encontrei. Poucas, muito poucas vezes, marcamos esses encontros. Nunca foi preciso. A primeira vez foi em Belo Horizonte, 43 ou 44, onde o pintor realizou uma conferência mais ou menos...
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10 abr 1976
Nome de rua pode ser diferente
Carlos Drummond de Andrade
Folha da Tarde
Em conversa com um contribuinte, o prefeito Marcos Tamoio achou que até pegaria bem chamar de Me dá um dinheiro aí o logradouro onde tem sede o órgão arrecadador de tributos municipais do Rio de Janeiro. O contribuinte ponderou-lhe que isso...
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5 out 1963
O melhor dos mundos
Paulo Mendes Campos
Manchete
O homem cem por cento moderno, o homem que vê, lê e ouve anúncios, me contou: — Não é para fazer inveja a ninguém, mas sou um sujeito feliz. As minhas noites são agradabilíssimas no meu colchão de molejo entrelaçado e aço...
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8 maio 1958
Árvores
Paulo Mendes Campos
Diário Carioca
Compreendo perfeitamente o pintor Raimundo Nogueira. Ele, a mais bem-humorada e a mais cordial de todas as criaturas que conheço, cortou relações há alguns anos com um sujeito. Fez deste o seu único inimigo, negando-lhe cumprimento. E andou...
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15 abr 1959
Adeus
Paulo Mendes Campos
Diário Carioca
Há uma noite em que obscuras disposições interiores nos levam a apagar as lâmpadas de casa para viver um pouco na escuridão. Clamava na vitrola a clarineta negra de Bechet. Foi em uma noite assim, rondando pelo meu apartamento, que descobri um...
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19 nov 1989
Um músico mal-amado
Paulo Mendes Campos
Jornal do Brasil
Era em Belo Horizonte. Fernando Sabino tirava sambas de ouvido no piano. Ele tinha menos de 20 anos e um piano. Mas seu forte era bateria, acompanhando vez por outra um pianista profissional em cassino ou boate. Eu estudei teoria musical, mas não...
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5 jan 1963
Nacionalidade
Rachel de Queiroz
O Cruzeiro
O menino nisei sentou no banco do jardim. Teria uns 11 anos, comia sossegado o seu sanduíche de queijo. Duas menininhas, uma morena outra ruiva, que pulavam amarelinha, chegaram junto dele e gritaram: — Japonês! Japonês! Você quer dizer as...
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9 mar 1963
Até breve
Rachel de Queiroz
O Cruzeiro
Há temperamentos urbanos por nascimento, mas há, igualmente, os temperamentos rurais. Uns só podem viver no asfalto, embalam-se com o escapamento das lambretas, escutam a voz dos anjos no rádio do vizinho e vão para a fila da carne como para...
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23 dez 1961
Sono e vigília
Paulo Mendes Campos
Manchete
Aconteceu que tinha de fazer um trabalho bastante comprido no prazo de um dia. Madruguei às seis horas, depois de ter dormido mal, sentei-me ao batente. Nada, a coisa não ia, sentia um sono de chumbo. Lembrei-me de um tubo guardado na gaveta, que...
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26 ago 1961
Frases apanhadas no chão de estrelas da poesia popular
Paulo Mendes Campos
Manchete
“A Lua fez um claro: vou brincar no vento oeste.” * “O dossel de rendas de teu leito refletido na luz de teu olhar.” * “Hoje vive no meu rancho quem comigo se empareia.” * “(Tu és) por Deus esculturada e formada com ardor da alma da...
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8 abr 1961
Brasil brasileiro
Paulo Mendes Campos
Manchete
Uma vez, numa recepção da nossa embaixada em Londres, uma dama inglesa, depois de ouvir a Aquarela do Brasil, estranhou ironicamente a associação dos termos Brasil brasileiro. A França é francesa, dizia, a Inglaterra é inglesa, o Afeganistão...
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7 maio 1960
Azul de montanha
Paulo Mendes Campos
Manchete
Não é fácil nem simples amar Belo Horizonte. É natural amar Ouro Preto, Recife, Salvador, Rio... Nessas cidades há um estilo de amá-las, que se transmite. Mas em Belo Horizonte cada habitante tem de inventar o seu amor (eu chamo amor uma...
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26 mar 1960
Alice no Rio
Paulo Mendes Campos
Manchete
Um dia, se o coração não espocar antes do tempo, escreverei uma história para crianças: “Alice no País dos Cariocas”. Alice chegará por via aérea e, naturalmente, ficará encantada com a exuberância da paisagem e com os aviões que vão...
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