Quem sofre de triscaidecofobia deve ter se sentido aliviado quando viu passar o último dia 13 sem que nenhuma catástrofe desabasse sobre o mundo. A palavra é complicada mesmo na sua variante: tricaidecofobia. Cai o “s”, mas não cai o horror que ela sugere. Triscaidecófobo ou tricaidecófobo, sem o “s”, à sua escolha, é o sujeito que tem pavor do número 13. Trata-se de uma fobia muito comum e nem se diga que é crendice de gente atrasada.

Nos Estados Unidos o 13 chega a ser eliminado da numeração dos apartamentos em hotéis de classe. Muitos prédios passam do 12º pavimento para o 14º para evitar que o elevador corra o risco de parar no 13º. Nos aviões não há poltrona 13. A triscaidecofobia está hoje em grandes cidades como Nova York e Paris, mas deita raízes num passado remoto, que se perde na noite dos tempos.

Já na Índia antiga, ninguém queria se sentar à mesa com 13 convivas. Na civilização cristã, a aversão ao 13 está associada à Última Ceia, que reuniu os 12 apóstolos em torno de Jesus Cristo. Até hoje, a mesa de 13 é vista com desconfiança. Pelo menos duas vezes fui testemunha de acessos de triscaidecofobia, em jantar de certa cerimônia. Numa delas o homenageado era Gilberto Amado, o que levou a abusão às raias do pânico. O anfitrião implorou a um convidado que, pelo amor de Deus e da superstição, desse o fora.

Pois um numerólogo me disse que a queda de Gorbatchev está ligada ao número 13. Como, se ele caiu no dia 19? A numerologia no caso dá umas tantas voltas e chega fatal à culpa do 13. Há todo um jogo que passa pelos vários calendários, o juliano, o gregoriano e até o cósmico. No cálculo, leva-se em consideração que a Rússia só adotou o calendário gregoriano em 1918.

Se essa numerologia de araque é difícil de entender, mais difícil é entender o que acontece hoje na URSS. Tudo não passa de palpite. E, aqui entre nós, tudo à nossa volta de repente se amesquinhou. A brincadeira de passar o anel, como a das argolinhas, deixou de ser assunto até no jardim de infância. Agosto mais uma vez está de cara fechada. Por via das dúvidas, esqueçamos Getúlio e Jânio. Suicídio e renúncia. Vamos brasileiramente lembrar que no jogo do bicho 13 é um número afortunado, que canta: é galo. E desgosto não é a única rima para agosto.

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