“Sun, sea and sex” têm encontro marcado
Os três ‘s’ clássicos do turismo frequentam as ilhas descobertas pelo capitão James Cook no final do século 18
O Havaí é resultado de um longo e complexo processo. A natureza levou milênios para desenhar e requintar aquele recanto paradisíaco. Até a situação geográfica, em pleno triângulo polinésio, perdida na vastidão do Pacífico, contribuiu para a preservação do arquipélago.
O Brasil já era velho de três séculos quando o capitão James Cook descobriu que havia naquela ignota latitude um belíssimo colar de ilhas. Foi em janeiro de 1778. Um ano depois, em fevereiro de 1779, curioso a respeito do povo que ali vivia em tão fechada solidão, Cook voltou. Confundido com Leno, a suprema divindade, foi recebido como um deus. Em seguida foi morto.
A partir daí, o Havaí perdeu aquela paz politicamente correta que reina entre os povos primitivos. Depois do navegante audaz, veio a cobiça. Mas o Havaí não tem ouro, nem prata. Havia, porém, o sândalo. Até nisso, na primeira indústria extrativa, não falta ao Havaí um toque poético. Vapt-vupt, em 1790 começou a derrubada das florestas.
Assim começou a colonização ou, se quiserem, a incorporação do Havaí à civilização. O arquipélago tem oito ilhas principais e bem mais de uma centena de ilhas menores, todas de formação vulcânica. Quando o capitão Cook pôs em terra o seu imperial pé civilizado, há séculos lá viviam uns 300 mil nativos, vindes por mar do Taiti e suas vizinhanças.
Mas nem Império Britânico foi capaz de fincar sua bandeira. A cobiça arrastou para a remota paragem toda sorte de aventureiros. Posto em 1849 sob a proteção dos Estados Unidos, anos depois o Havaí estará civilizado, cristianizado e... americanizado. Em 1900, o Havaí é território dos Estados Unidos. Bastião estratégico, Pearl Harbor data de 1908.
Manifesto ou não, o destino norte-americano do Havaí viria a ser definitivamente selado com a 2ª Guerra. Já em 1940, um plebiscito optou pela anexação aos Estados Unidos. Hoje, a questão não se discute mais. 50°. Estado norte-americano, o Havaí vota com o partido democrata, fala inglês e combina o american way of life com umas tintas do primitivo pitoresco havaiano.
Trinta minutos de voo e estamos na exuberante ilha de Kauai. O Hyatt Regency Kauai é um hotel que agarra a gente, com mil atrações. Dá vontade de não sair do quarto. Do quarto mesmo se pode avistar a praia. E nem é preciso esticar até a praia. Os jardins também convidam a um passeio entre espelhos d’água. Água sempre limpíssima, que reflete as plantas e flores.
À noite, tochas se acendem. O vento sopra as chamas alimentadas a gás, num espetáculo que contribui para essa atmosfera de irrealidade. Os corredores amplos se distribuem como num labirinto; de repente podem dar numa piscina natural com uma pequena cascata. A música está no ar ou vem das águas? Os três “s” clássicos do turismo (“sun, sea and sex”) têm aqui um encontro marcado.
Se você está na ilha de Kauai, não deixou de fazer o passeio a bordo do Waialua Boat. Waialua é o nome do rio que subimos e que leva à gruta das Samambaias. A bordo, uma canção langorosa. É alegre e exalta a vida. Mas há uma nota triste. Descemos do barco e subimos por um caminho entre árvores disciplinadas, como num parque norte-americano. A vegetação lembra o Brasil, mas o clima é ameno. Com a excelente acústica local, podemos ouvir a Canção dos novos, que o pequeno coral canta.