Diziam que Maria do Carmo era muito escura; eu dizia que ela era bem morena...
Diziam que era muito desleixada; eu dizia que era displicente. Que era sem modos; eu dizia que era muito viva.
Também disseram que ela quando cantava desafinava; e eu dizia que ela tinha a voz muito bonita.
Pescoço de girafa! — diziam; e eu murmurava: de cisne. Muito sem educação!; mas eu achava que era espontânea. Desfrutável! e eu dizia que era muito engraçada.
Então as amigas bondosas e os amigos compassivos ficavam irritados, me encaravam e faziam perguntas com ar de desafio: será que você tinha coragem... E eu suspirava: quem me dera.
Então o último argumento, o terrível, foi dizer que ela dava confiança a todo mundo. E eu baixei a cabeça e fiquei triste. Fiquei triste porque não era verdade. Ela nunca me deu confiança.