Santiago do Chile, maio (Pela Panair do Brasil).
Jovem:
Fui falar bem do álamo e sabe o que aconteceu? Ele está quase todo amarelo, e começou a se desfolhar. Toda manhã a empregada gasta mais de meia hora varrendo as folhas para fora. Dentro de uma semana meu belo álamo viçoso estará de galhos nus.
Bem que achei ele parecido com moça. V. também, à medida que o outono avança, vai se perdendo na brisa. Vai virando brisa. Fala em ir para mais longe: Europa, Estados Unidos, Japão...
Ora, nada disso é sério, nem justo. Seu lugar natural no outono é, evidentemente, Santiago de Chile. Mas é mesmo, acho odioso v. ficar inventando viagens para mais longe. Ainda mais porque Chile é o lugar mais longe que tem. O mundo acaba aqui, um pouco além de Magalhães, um pouco aquém do último pinguim.
Ainda hoje de manhã ergui os olhos para a Cordilheira azul, coroada de neve; está imóvel, esperando você.
Venha para cá, insensata! O frio aumenta; se demorar mais, você encontrará apenas, na rua Roberto Del Rio, um bloco de gelo escuro, de bigodes, que é o seu pobre.