Fonte: Toda crônica. Apresentação e notas de Beatriz Resende; organização de Rachel Valença. Rio de Janeiro, Agir, 2004, vol. II. p.229. Publicada, originalmente, na revista Careta, de 13/11/1920 e, posteriormente no livro Coisas do reino de Jambon, Brasiliense, 1956, p.141.
Escrevi nesta revista algumas cousas sobre arte culinária.
Não tive objetivo senão encaminhar o governo da República para a arte de fazer petisco.
Um governo desta nossa atual República é um governo de vatapás, carurus e outras cousas agradáveis ao paladar.
O senhor Epitácio Pessoa continuou o governo dos banquetes.
Como assim fosse, eu procurei compêndios especiais a tal respeito. Achei o Cozinheiro imperial, sobre o qual tenho escrito aqui alguns comentários.
Era uma cousa necessária, visto que na época atual é comer, e comer bem.
Acontece, entretanto, que dona Maria A. Costa me manda de São Paulo (sempre São Paulo) um curioso livro sobre arte de fazer quitutes e me pede a opinião sobre o valor das receitas.
Em verdade, como se diz nos Evangelhos, eu digo à dona Maria Teresa que não posso julgar dos seus processos de fabricar acepipes.
Sou muito pobre e tudo aquilo que está no seu belo livro custava-me os olhos da cara.
Conquanto seja eu solteiro e não tenha esperança de me casar mais, gostei muito de saber o que é alcatra, chã de dentro e outras peças de carne de que eu não tinha notícia.