Fui a Belo Horizonte neste fim de semana. Voei Vasp, como se diz a jato em linguagem de anúncio. Céu de brigadeiro na ida, o avião atrasou 30 minutos. Mau tempo na volta, o avião chegou na hora. Fui lendo e voltei lendo. Mas deu para observar que o avião me pareceu novinho em folha. Até pelo cheiro. Coisa usada tem um cheiro, ou uma falta de cheiro, que é típica. Também observei que as aeromoças estavam solícitas. Nada aéreas. Muito gentis.

Quando acabou a ponte aérea, essa ligação entre o Rio e Belo Horizonte pode até ter melhorado. Ponte é que nunca foi. Invoco a experiência de muitos anos. Experiência e paciência de Jó. Horário não havia. As idas a Minas coincidiam com a Semana Santa ou o Carnaval. Ou um feriadão qualquer. Horas e horas no aeroporto da Pampulha, à espera do avião que não vinha. Ou vinha fora de hora. Depois veio Confins, longíssimo. Muito bonito, mas é outra viagem.

Essa ponte para Minas e de Minas era uma ficção. Um martírio. Se acabou, ótimo. Mas agora voei foi Vasp. Estou assistindo a toda essa batalha aérea nos céus da promoção e da publicidade e vejo o fogo cruzado das acusações. 

Como passageiro, estou gostando. Tenho contra a Vasp o logro de Fortaleza. Ou tinha. Era a Vasp estatal. E estatal de São Paulo, a locomotiva da Federação. Foi assim: eu estava em Fortaleza. Mineiro precavido, assim que desci, lá fui confirmar a viagem de volta.

No mesmo voo estavam alguns amigos. Vianna Moog, Rubem Braga, Antônio Carlos Villaça. Na hora de voltar, ficamos naquele voo cego da espera sem horário. O avião vinha de Manaus, pingando pelo caminho. Desceu em Fortaleza com lugares vagos de menos. As reservas não foram respeitadas. Uma confusão dos diabos. Não sei como, sobrei eu. Foi Vasp-vupt. Não quis atropelar ninguém. Tinha a reserva confirmada. Mas me passaram para trás.

Praguejando, voltei para o hotel. Passei 24 horas trancado no quarto. Cego de ódio, nem ler conseguia. Do Rio, me queixei na diretoria aí em São Paulo. O assessor de imprensa foi amável, mas não moveu uma palha. Teimoso, bati em várias portas. Incomodei um amigo, muito conhecido em São Paulo. Meses a fio e nada. Nunca me deram sequer satisfação. Só tapeação. Tomei horror à Vasp. Hoje tenho de me segurar para não sair gritando: “Obrigado, Canhedo”. E eu nem sei quem é esse Canhedo.

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