O menino André, de 3 anos, confessa a seu pai:

― Papai, você sabe de uma coisa? Quando você ficar velho, eu vou trocar de pai.

― Você tem coragem de fazer isso, Andrezinho? 

― Vou trocar de pai e de mãe.

― Mas por quê?

― Porque eu não vou querer um pai velho e uma mãe velha.

― Mas seu pai gosta tanto de você... sua mãe gosta tanto de você...

― Mas nunca fica triste, não. Eu ainda vou usar você muito tempo. Só depois que você ficar velho é que eu vou arranjar um pai novo.

*

Millôr Fernandes (Vão Gôgo) é pai de poucos meses. Escolheu para seu primogênito o terrível nome de Ivan, Ivan Fernandes, achando que o sobrenome Fernandes requer um nome um pouco mais forte. Registrado o menino, por curiosidade Vão Gôgo foi olhar na lista telefônica se existe aqui no Rio de Janeiro algum outro Ivan Fernandes. Existe, um único. E ele foi verificar onde morava o homônimo de seu filho. Na rua Pompeu Loureiro. Vão Gôgo mora também na rua Pompeu Loureiro. Que coincidência. No número 120. Que engraçado! Vão Gôgo também mora na rua Pompeu Loureiro, 120. No 7º andar. Mas que coisa! Vão Gôgo também mora na rua Pompeu Loureiro, 120, 7º andar, apartamento 701. O único Ivan Fernandes do Rio era o seu único vizinho de andar.

― Por uma fração de segundo, disse-nos Millôr, pensei que eu estivesse louco. Aliás, um dia desses aconteceu-me coisa parecida. Eu ia ao cinema Palácio para ver determinado filme. No caminho, entretanto, meio inconscientemente, fiquei convencido de que estava era mesmo no cinema Palácio. E à hora da saída achei de novo que eu estava louco.

*

Expressão popular que ouço, pela primeira vez, em Minas, e que se aplica às pessoas que ficam danadas da vida e resmungam muito contra alguém ou contra alguma coisa: “Ele falou, falou, como pobre na chuva”.

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Letreiro pintado no para-choque de um caminhão, em Minas: “A vida é curta e a estrada é comprida”.

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