O Carnaval começou na casa do sr. Jorge Matos; uma festa estrondosa a que assisti com meu natural recato, mas assisti. Já que àquela hora na noite não se podia fazer grande coisa para salvar o Brasil, não me pareceu mal que a mocidade folgasse um pouco, à velha maneira brasileira. Precisamos, afinal, preservar as nossas tradições, e não há motivo algum para cultivar apenas as cacetes, que não são poucas. Nem só de quaresmas é a vida, e a verdade é que o esquema do sr. Aranha contribuiu bem menos para distrair nossa atenção da aborrecida figura do sr. Vargas que as atividades do bom Rubens, joia do Flamengo. Havia luar, moças belas e música ligeira, e o Flamengo é o campeão; se houve algum excesso o bom Deus com certeza nos perdoará a todos; o padre Góis nos afiança que Ele é flamengo. Foi apenas para provar nossa fé que Ele nos fez padecer 9 anos!

Fora disso, continua a faltar água e a sobrar Fiuza, e o citado sr. Vargas deu ao Ministério novo, que é o da Saúde, um ministro novo, que é o sr. Miguel Couto Filho. Imprudência manifesta: aí temos homem a corcovear a esmo, trazendo para o plano federal o que há de pior na espantosa tradição da politicalha fluminense; entrou para o governo como quem entra em Caxias em noites de Tenório. Temos dois ministros a brigar e um a fazer estrupícios, e tudo isso é fumo para o charuto monótono do sr. Vargas. Não chego a propor que internemos no SAM o nosso preclaro chefe, que às vezes se excede em suas reinações; ele acabará tirando da Saúde o sr. Miguel, como tirou do IBGE o general Poly, isto é, depois que encher bem.

E acabará, santo Deus, acabará, um dia, talvez ainda neste século, saindo também.

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