Gratas imagens
Na Tanzânia, país africano socialista, os namorados recebem do governo duas coroas de flores, ele as azuis e ela as vermelhas, todos os sábados pela manhã, durante três meses. Findo esse prazo, faz-se a união.
Uma delegação de notáveis, na Caxemira, oferece ao jovem par uma cabra em cujo pelo eles mergulham demoradamente a mão esquerda, para aprenderem a doçura na convivência. Sobem depois a um alcantil e bebem o vinho da perfeita alegria.
Para merecer o título de namorado, no atol de Minikoi, do arquipélago das Maldivas, o rapaz deve tecer um cinto de fibra de coco, do tamanho da cintura da moça a quem pretende fazer a corte. A colocação do cinto é festiva, entre danças e libações que se prolongam por três dias.
Instituiu-se na Tailândia a bandeira dos namorados, com uma cabeça de licorne representando a unidade, em fundo branco e cercadura azul; eles carregam a sua miniatura quando vão a festas ou ao cinema, e o distintivo faculta-lhes redução no preço das entradas e preferência em transportes coletivos.
No Mali, antigo Sudão francês, a namorada ganha um bolo de arroz do namorado, em troca do primeiro beijo; dentro desse bolo está escondido um amuleto que tornará o amor perene, se a namorada não o quebrar com os dentes; o amuleto é presente da municipalidade.
O pensamento da namorada, em Uganda, há de ficar preso ao pensamento do namorado por um fio resistente, que ele estenderá entre as duas casas, donde as ruas ficarem cobertas por uma rede de linhas. Ninguém se atreve a cortá-las, sob pena de pagar multa de um cargueiro de amendoim ou ser deportado para Tanganica, por falta de pagamento.
Os namorados de Montego Bay, Jamaica, trocam suas primeiras juras na intimidade de um bosque especialmente destinado a esse fim, e no qual as autoridades mantêm uma reserva de pássaros canoros.
Namoro em Camarões do Sul é honrado com cerimônias públicas; estende-se na rua uma passadeira amarela em que só o par de namorados pode pisar, enquanto parentes e amigos lhe jogam flores; no meio da passadeira, os dois se sentam e entregam-se a carícias de primeiro grau, ao som do hino das Almas irmãs, entoado por um coro infantil.
No Vietnã do Sul, mesmo por entre aflições de guerra, os namorados podem visitar os monges budistas e beneficiar-se com suas práticas afetuosas, pela manhã, quando é mais fácil assimilar o Samdrogakaia, ou corpo de amor perfeito.
Fundou-se em Camboja a Escola de Namorados, de matrícula gratuita, onde se ensinam as cortesias e mimos do amor em língua tao e se preparam anéis e outros objetos de açúcar, que a namorada presenteará ao seu escolhido, para significar-lhe ternura.
Em certas aldeias de ilhas da Polinésia, o par de namorados que mais se destacou pela graça e efusão amorosa na festa da colheita, passa a dirigir a comunidade como rei e rainha, durante um ano, e nenhum deles jamais foi deposto.
Etc., etc. Extraio estas notícias da obra admirável do dr. Claudius Lovemaking, da Universidade de Illinois, Outline of the Cupido’s Power in World, ou da minha imaginação, como ao próprio livro? Não interessa. Achei de meu dever confortar os namorados nacionais com a visão de honras, regalias e carinhos que bem merecem e que, por aqui, certamente lhes são desconhecidos. Pois ao namorado nacional falta-lhe mesmo o banco de jardim e sobram-lhe dores de cabeça.