O coronel Amilcar Dutra de Menezes raramente é visto fardado. Mais raramente ainda é visto com as condecorações que foi recebendo ao longo da carreira. Ele me explica o motivo:
— Um dia, para ir a um jantar importante, pus todas as minhas medalhas e condecorações… Aqui em casa tinha uma preta velha, que, praticamente, me criou. Quando ela me viu com aqueles balangandans todos no peito, começou a rir e me disse: “Xi! O senhor está parecendo um vinho do Porto”.
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Flávio de Aquino me conta a história de um missionário americano que ele viu pregando em Santa Catarina. Era um homenzarrão gigantesco, vermelho cor de sangue, com olhos azuis de menino. O pobre pastor ainda era curto de português e se esforçava para provar a existência de Deus diante da pequena população da cidade do interior. Fazia um calor e o português do missionário cada vez falhava mais. Então, o pastor tirou um lenço do bolso, enxugou a cara encalorada, limpou o goto, apontou para o céu e bradou com toda a pressão de seus pulmões:
— Sou um homem de palavra! Deus está lá no céu! Eu não mente! Povo brasileiro pode acreditar em mim! Sou um homem de palavra.
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Dezio Renault, o Dr. Renault diário do jornal A Manhã e irmão do escritor Abgar Renault, foi apresentado a uma ilustre senhora francesa.
— Renault? — disse ela. Mas é um nome francês!...
— Sim, madame, eu sou descendente de franceses…
— Ah, muito interessante, muito interessante… E, em França, o que são em França os Renault?
— Bem, madame, em França os Renault são automóveis.