
Entardecer, Mato Grosso-MT, 1980s. Foto de David Zingg/ Acervo Instituto Moreira Salles.
Nesses finalmentes de dezembro, quase já se vê o poente de 2025. É uma boa hora, portanto, para a retrospectiva dos textos mais lidos do Portal da Crônica Brasileira. Inauguramos esse balanço no ano passado, e agora é inevitável comparar os resultados que, não custa reforçar, existem apenas por curiosidade, para puxarmos assunto. Nada querem dizer além disso.
Comecemos pelas páginas dos cronistas, onde reunimos os perfis biográficos e as linhas cronológicas do nosso time de autores. Neste ano, os cinco mais acessados foram, pela ordem, Clarice Lispector, Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade e Rachel de Queiroz. Tivemos algumas mudanças significativas em relação a 2024, em que os galardoados foram Rubem Braga, João do Rio, Fernando Sabino, Antônio Maria e Rachel de Queiroz – Braga foi destronado por Clarice, que sequer figurava no panteão, João do Rio perdeu o impulso da homenagem recebida pela Festa Literária Internacional de Paraty e Antônio Maria cedeu o lugar para Drummond. Coisas da vida.
Em relação às dez crônicas mais lidas, “Das vantagens de ser bobo”, de Clarice, é a campeã por mais um ano consecutivo. Depois, segue uma quina clássica das salas de aula: “A última crônica”, “Fuga” e “O homem nu” de Fernando Sabino, “O amor acaba”, de Paulo Mendes Campos, e “A velhinha contrabandista”, de Stanislaw Ponte Preta. Nesse pódio expandido, nota-se bem a variedade de formas, verdadeiro trunfo do gênero: temos a crônica de reflexões, a de narrativa mais chegada ao conto, outra mais para o lado da anedota, e um belíssimo exemplar de poema em prosa.
Para fechar a lista dos medalhistas, temos a delicada “O viajante”, de Rachel de Queiroz, “Medo da eternidade”, de Clarice, representando a categoria de memórias da infância, “Vista cansada”, de Otto Lara Resende, na linha da crônica de observação, e “Conversinha mineira”, outro causo de Sabino, autor de quatro das dez crônicas mais populares da casa.
Na seção Artes da crônica, onde publicamos ensaios, entrevistas e artigos especializados, os leitores procuraram por textos teóricos definidores: “A crônica como gênero literário”, do escritor Luiz Ruffato, “A vida ao rés do chão”, ensaio seminal do professor Antonio Candido, e “Fragmentos sobre a crônica”, uma investigação do crítico Davi Arrigucci Jr. que abarca questões estéticas e históricas.
Por fim, relacionamos as colunas quinzenais mais lidas do Rés do chão, para a total surpresa deste editor que as escreve. É sobre cantores da velha guarda da música brasileira o texto mais lido de 2025: “Vozes eternas” reúne crônicas sobre Dolores Duran, Francisco Alves e Maysa. Na sequência, as inesperadas “Visitas de passarinho” nas varandas parecem ter agradado ao público do Portal. E, por fim, três colunas mais antiguinhas que, bem ao gosto das crônicas no jornal, sobreviveram ao tempo e foram ressignificadas pelos leitores: “Um prazer enfumaçado”, a respeito do nada saudável hábito de fumar, “Um cafezinho com Otto”, escrito para celebrar os anos do grande cronista tardio, e “Um brinde a Stanislaw Ponte Preta”, de quando anunciamos a estreia de Sérgio Porto ao nosso elenco de escribas.
E assim concluímos mais um ano de atividades no Portal da Crônica Brasileira. Com a gratidão pela companhia que os leitores nos fizeram, desejamos a todos um bom e preguiçoso descanso. Até breve!