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Alguém em crise
José Carlos Oliveira
– Me diga uma coisa: por que a sua última crônica saiu tão mal escrita que nem parece ter sido você o autor? A pergunta de Leila surgiu assim do nada, em meio à fumaça e à algazarra de um bar. Ela já estava com meia dúzia de caipirinhas...
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Ao cronista anônimo da cidade
Vinicius de Moraes
Outro dia eu estive pensando uma coisa: que esta crônica, muito mais que ser minha, é da cidade. Senti-me então meio raso, e pela primeira vez tive a noção exata da responsabilidade que ela implica. Puxa, afinal de contas é ligeiramente...
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22 ago 1959
O exercício da crônica
Vinicius de Moraes
Última Hora
Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a...
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Armando Nogueira, futebol e eu, coitada
Clarice Lispector
E o título sairia muito maior, só que não caberia numa única linha. Não leio todos os dias Armando Nogueira — embora todos os dias dê pelo menos uma espiada rápida — porque “meu futebol” não dá pra entender tudo. Se bem que Armando...
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O folhetinista
Machado de Assis
Uma das plantas europeias que dificilmente se têm aclimatado entre nós, é o folhetinista. Se é defeito de suas propriedades orgânicas, ou da incompatibilidade do clima, não o sei eu. Enuncio apenas a verdade. Entretanto eu disse —...
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Os extremos tocam-se
Machado de Assis
Os extremos tocam-se, dizem. Eu de mim acho que é uma verdade; e, para não ir além da aplicação que ora me convém, lembro apenas que os pequenos infortúnios têm um ponto de contato com as grandes catástrofes; e a bancarrota de um negociante...
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Há um meio certo de começar a crônica (ou O nascimento da crônica)
Machado de Assis
Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos...
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A carta
José Carlos Oliveira
A garota está em crise com o namorado e escreveu uma carta para ele na esperança de fazer as coisas voltarem a ser como antes. Ele me deixou ler a carta e fiquei impressionado com o estilo dela. Primeiro senti admiração; depois, inveja. Pensei...
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Ciao
Carlos Drummond de Andrade
Há 64 anos, um adolescente fascinado por papel impresso notou que, no andar térreo do prédio onde morava, um placar exibia a cada manhã a primeira página de um jornal modestíssimo, porém jornal. Não teve dúvida. Entrou e ofereceu os seus...
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11 jan 1963
O poder do Braga
Carlos Drummond de Andrade
Correio da Manhã
Imagens da crônica Rabat, 12 de janeiro: 50 borboletas amarelas esvoaçam em torno do embaixador Rubem Braga, que precisamente nessa data, em 1913, nascia em Cachoeiro do Itapemirim. O fato de serem amarelas não as torna menos festivas. Antes de...
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30 dez 1960
Os quatro
Carlos Drummond de Andrade
Correio da Manhã
Imagens das letras Chego tarde para fazer promoção dos quatro livros da Editora do Autor, praticamente esgotados. Nem era minha intenção recomendar essas obras ao público de língua portuguesa. Minha intenção é mesmo oposta: evitar que saiam...
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Vigésimo aniversário
Antônio Maria
Comemoro hoje, em intimidade, os meus primeiros 20 anos de crônica. Como não tenho a menor esperança de completar outros 20, sirvo-me de um uísque puro e bebo-o, festivamente, não em homenagem, mas em lembrança de tudo que passei. —Tua...
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O cronista diz adeus
José Carlos Oliveira
— À maneira dos narradores de cordel do Nordeste, hoje digo adeus num acróstico — J.C.O. Amigo, hoje é um dia muito especial. Mais uma vez, o rio do tempo veio de sua nascente, o Ontem, e outra vez vai desaguar no Amanhã, 1° de janeiro...
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Feliz Ano-Novo!
José Carlos Oliveira
— Esta é a última crônica assinada por mim, no JB e em toda parte. A explicação vai em forma de diálogo com o Leitor. Até breve... em outros veículos. — J.C.O. Leitor Imaginário — Quais os seus planos para 1985? J. C. Oliveira...
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O Braga
Antônio Maria
Braga — Rubem — é de Cachoeiro de Itapemirim e, disso, faz um patriotismo germânico, agredindo quem fala mal de sua terra. Fuma Liberty Ovais e, por estranha coincidência, padece de uma bronquite que lhe dá certo encanto. Na guerra, um...
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O livro
Antônio Maria
F.J.C.L. me sugere, em carta, que reúna umas 30 de minhas crônicas, publicadas no D.C., e faça um livro. A ideia, de fato fascinante, me levou a reler tudo o que tenho escrito, de fevereiro para cá, e devo dizer que não gostei, especialmente,...
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O indiscutível Rubem Braga
José Carlos Oliveira
Devo a Rubem Braga a descoberta do que é moderno. Menino, começando a aprender meu ofício, e encontrando as bibliotecas da província atrasadas de 50 anos, afeiçoei-me, no início, à maneira de Machado de Assis. Mas as palavras do mestre, o...
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O búzio
José Carlos Oliveira
Lá em Curitiba tem um rapaz que anda com uma crônica minha no bolso. O papel já está todo rasgado, colado com fita durex. De vez em quando ele toma uns porres, tira a crônica do bolso e lê. Parece que se trata de um exame de consciência que...
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Esta minha letra...
Lima Barreto
A minha letra é um bilhete de loteria. Às vezes ela me dá muito, outras vezes tira-me os últimos tostões da minha inteligência. Eu devia esta explicação aos meus leitores, porque, sob a minha responsabilidade, tem saído cada coisa de se...
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A Carlos Drummond de Andrade
Antônio Maria
Embora não seja de me alegrar à toa, eis-me contentíssimo, com o telefonema recebido esta manhã. Do outro lado da linha, Carlos Drummond de Andrade a me pedir uma crônica sobre o Rio, para certa Antologia, que ele e Manuel Bandeira estão...
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fev 1934
Ao respeitável público
Rubem Braga
Chegou meu dia. Todo cronista tem seu dia em que, não tendo nada a escrever, fala da falta de assunto. Chegou meu dia. Que bela tarde para não se escrever! Esse calor que arrasa tudo; esse Carnaval que está perto, que vem aí no fim da semana;...
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