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13 mai 1990
Lindas e feias
Paulo Mendes Campos
Jornal do Brasil
No meu tempo de menino, em minha cidade, havia de moças bonitas uma dúzia e mais três. Três que a gente não tinha muita certeza de escalar no time de cima. O número é estimativo, mas a verdade é concreta. Minas ainda se espreguiçava na...
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4 jun 1960
Canto fúnebre do carioca
Paulo Mendes Campos
Manchete
Eu sou o homem-fantasma. Tenho carne, tenho ossos, tenho identidade, mas pertencem ao outro. Sou o detetive do outro, buscando no ar os rastos de meus crimes suaves, caçando nas ruas os vestígios de mim. Outrora morei num reino à beira-mar....
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192-
O quinto mandamento
Antônio Torres
O que faz supor que no Rio se assassina demais é a importância que os jornais dispensam às notícias de assassinatos. No Rio não se mata demasiadamente. Mata-se o que é possível. E não se mata mais porque não se deseja. O Rio é cidade...
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10 abr 1969
Outono em 1935
Rubem Braga
Diário de Notícias
Não consigo me lembrar exatamente do dia em que o outono começou no Rio de Janeiro. Antes de começar na folhinha ele começou na rua Marquês de Abrantes. Talvez no dia 12 de março. Sei que estava com Miguel em um reboque do bonde Praia...
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15 mai 1954
Cinelândia
Rubem Braga
Manchete
Extraviei-me pela cidade na tarde de sábado e então me deixei bobear um pouco pela Cinelândia. Foi certamente uma lembrança antiga que me fez sentar na Brasileira; e quando o garção veio e perguntou o que eu desejava, foi um rapaz de quinze...
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25 nov 1961
Mulheres bonitas
Paulo Mendes Campos
Manchete
No tempo de menino, em Belo Horizonte, havia de moças bonitas duas dúzias e mais três. Três que a gente não tinha muita certeza de escalar no quadro de cima. O número é estimativo, mas a verdade era concreta. Minas Gerais ainda se...
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30 abr 1989
Vinicius não tem fim
Paulo Mendes Campos
Jornal do Brasil
CASA DO LEBLON – Casado com Tati, Vinicius tinha casa no Leblon, na atual rua San Martín, entre Carlos Góis e Cupertino Durão. Com dois pavimentos, era uma casa arranjada com muito jeito pelas mãos hábeis de Tati, que só não era capaz de...
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A carona
Antônio Maria
De manhã, quando ia encostando o carro, as duas mocinhas pediram carona até seu colégio, em Ipanema. A rua estava cheia de água e não havia ônibus, lotação, táxi, nada.– Vai pela praia, que é mais bonito – diz a de cabelos...
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13 nov 1959
Ai de ti, Copacabana!
Rubem Braga
Manchete
Esta crônica foi publicada há tempos em outra revista. Grande tem sido o número de leitores a pedir ao autor uma “reprise”, o que nos leva, contra as normas da casa, a publicá-la novamente. 1. Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o...
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18 set 1954
Passeios
Rubem Braga
Correio da Manhã
Visito Di Cavalcanti na rua Dona Carlota. Não era possível escolher um nome de rua mais jeitoso para Di morar. Estamos a poucos metros da Sears, da praia de Botafogo, onde os carros passam em disparada; mas aqui tudo é paz e silêncio; o século...
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5 out 1954
Bilhete
Rubem Braga
Correio da Manhã
Zico: Se você está com saudades do Rio, pare com elas, que o Rio não nas merece. Não tenho memória de ter vivido nesta cidade uma série tão grande de dias tão feios, de pouca chuva, quase nenhum sol, nublados, sem graça, mormacentos,...
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17 jun 1954
Viagem
Rubem Braga
Correio da Manhã
Mario Pedrosa me telefonou — se eu queria ir ao Chile. Resposta imediata, detonação instantânea nos mais íntimos e permanentes dispositivos de minh’alma: quero! Se ele tivesse dito Angola, Hungria, Piauí ou Sião, a resposta seria a mesma e...
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7 mar 1954
Baleias
Rubem Braga
Correio da Manhã
Conheci essa história desde menino e foi com misteriosa emoção que a reli outro dia em Singra, naquela excelente seção sobre o Rio antigo que C. J. Dunlop escreve com fotos de Augusto Malta. Foi em agosto de 1858 que correu na cidade o boato de...
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15 abr 1954
Chuva
Rubem Braga
Correio da Manhã
Houve um prefeito, paisano e sem imaginação, que resolveu acabar com as inundações do Rio. Foi o engenheiro João Carlos Vital, cujo breve reinado se perde, na série imensa dos prefeitos, entre um calvo general atrabiliário que construiu o...
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25 jul 1953
Boa educação
Rubem Braga
Correio da Manhã
Um jornal está fazendo uma campanha a favor das boas maneiras. Eu não sou propriamente o que se convencionou chamar “uma dama”, e até hoje o jornalista J. Guimarães Menegale ri muito quando lembra que fui fazer uma reportagem perigosa e...
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15 out 1953
A exilada
Rubem Braga
Correio da Manhã
Eu gostaria de escrever para você uma carta ruim: uma carta que lhe desse saudades do Rio; remorsos de ter deixado o Rio. Sei que você está feliz onde está e com quem está e que você dirige a sua vida com suas belas mãos resolutas. Mas...
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24 jan 1953
Lembranças
Rubem Braga
Correio da Manhã
Zico Velho Aqui vamos pelejando neste largo verão. Escrevemos com janelas e portas abertas, e a fumaça de meu cigarro sobe vertical. A única aragem é a das saudades; e por sinal que me aconteceu ontem lembrar um outro verão carioca de que nem...
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9 out 1952
Rio
Rubem Braga
Correio da Manhã
Eu estava deitado na areia, e quando abri os olhos eles ficaram tontos de sol. A onda de espumas galgara, num ímpeto, uma dessas ondas de areia que a água e o vento formam nas praias de mar aberto; estavas de pé ali, e as espumas te cobriram os...
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5 ago 1952
Sobre ruas
Rubem Braga
Correio da Manhã
Rua Álvaro Alvim. Atrás da Cinelândia, traçada exclusivamente entre altos edifícios, ela guarda, entretanto, muita coisa, das ruas do Rio Antigo. Isso porque a fizeram estreita, sombria, escondida. Qualquer urbanista condena isso. Se vamos...
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abr 1952abr 1952
Santa Teresa
Rubem Braga
Correio da Manhã
Sábado de tarde na cidade, da janela de um vigésimo andar, a gente descobre essa vida inesperada e humilde dos terraços. Famílias de zeladores de prédio, quartos de empregados de hotel, mulheres passando roupa ou se penteando perto da janela,...
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set 1952set 1952
Borboleta II
Rubem Braga
Correio da Manhã
Eu ontem parei a minha crônica no meio da história da borboleta que vinha pela rua Araújo Porto Alegre; parei no instante em que ela começava a navegar pelo oitão da Biblioteca Nacional.Oitão, uma bonita palavra. Usa-se muito no Recife; lá,...
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