menu
  • Sobre o portal
  • Crônicas
  • Autores
  • Rés do Chão
  • Artes da Crônica
  • Créditos
  • Contato

Portal da Crônica Brasileira

 
-A +A
Login
  • Rés do Chão
15 mai 2025

Modas e tendências

Guilherme Tauil
O leitor há de desculpar o assunto esgarçado, mas moda dá muito pano para manga. No mês passado, falamos sobre os pitacos de Lima Barreto a respeito dos trajes das moças, em acelerada evolução durante aquele fervo da aurora da República. Décadas depois, os panos e as tendências continuaram em voga, vira e mexe desfilando nas páginas dos cronistas, que estão sempre de olho nos hábitos das gentes. Em 1968, vendo a juventude resgatar costumes antigos como a costeleta e o bigode, Carlos Drummond de Andrade clamou nos jornais pela volta do “digno” e “respeitável” colarinho duro de ponta virada. Na sua crônica “Colarinho, por favor, o colarinho”, um manifesto...
30 abr 2025

Lima Barreto, comentarista de moda

Guilherme Tauil
Lima Barreto foi um dos mais atentos observadores da vida política de seu tempo. Tendo nascido em 1881, ainda no Império, testemunhou muitas transformações sociais de um Brasil em movimento. Ele estava lá no Largo do Paço, meninote ainda, quando a abolição da escravatura foi assinada, por exemplo, e rememorou tudo em “Maio”, anos mais tarde. Foi um crítico contumaz da República durante toda a vida, e sua voz contestadora, empenhada sobretudo contra os privilegiados e os exploradores do sistema, aparece tanto em sua produção jornalística quanto literária. Bom de vista, Lima conseguiu enxergar além do cenário maior, pescando detalhes da vida urbana naquele fervo de modernização social, e...
15 abr 2025

Quem viu a banda passar

Guilherme Tauil
Não se falava de outra coisa na cidade de São Paulo em agosto de 1966: todos tinham um palpite sobre quem venceria o II Festival de Música Brasileira da TV Record. Das mais de duas mil composições inscritas, duas eram as favoritas para disputar aquela final: “A banda”, de Chico Buarque, e “Disparada”, de Geraldo Vandré e Theo de Barros. A comoção, é claro, foi nacional. Mas na capital paulista, mais precisamente no palco do Teatro Record da Consolação, o fervor era comparável a uma decisão de futebol. De um lado, Chico Buarque, com sua marchinha bucólica cantando coisas de amor. Quem a defendeu foi Nara Leão, acompanhada de um sonoro conjunto de coreto. Como a voz de Nara foi engolida pelo estardalhaço dos metais, os...
31 mar 2025

Poetas de perto

Guilherme Tauil
Antônio Maria nasceu há 104 anos no Recife, num sobrado da rua da União. A mesma em que, décadas antes, Manuel Bandeira “brincava de chicote-queimado e partia as vidraças da casa de Dona Aninha Viegas”, como escreveu no famoso poema “Evocação do Recife”. Quando Maria começou ele mesmo a quebrar vidraças, Bandeira já era moço crescido e vivia no Rio de Janeiro. Nunca se cruzaram por ali, portanto. Mas, para a sorte daquele menino sempre atento aos transeuntes, havia outro morador da rua da União ocupando o posto de poeta da vizinhança. Todas as tardes, às cinco horas, o poeta e engenheiro Joaquim Cardozo, futuramente responsável pelos cálculos que permitiram pôr de pé diversas obras de Oscar Niemeyer...
17 mar 2025

Na mesa ao lado

Guilherme Tauil
A vida cotidiana é o espaço preferido da crônica, disse o professor Davi Arrigucci Jr. em um belo ensaio sobre o gênero. Faz parte do ofício do cronista estar atento às coisas da vida, sobretudo as pequenas. Ele está autorizado a ser um abelhudo, mais do que apenas um observador. Tem licença poética para bisbilhotar. Tudo vale para descobrir os assuntos dispersos por aí, que muitas vezes estão dando sopa justo na mesa ao lado, à disposição de ouvidos atentos. Foi o que retratou Carlos Drummond de Andrade em “Cortesia da casa”, crônica sobre um casal que decide comer fora. Com antecedência, a esposa tinha avisado que domingo não haveria almoço. O marido prometeu levá-la...
6 mar 2025

Depois do Carnaval

Guilherme Tauil
“Deus me abandonou/ no meio da orgia/ entre uma baiana e uma egípcia./ Estou perdido”, escreveu Carlos Drummond de Andrade em poema de 1934. É difícil precisar a intenção do autor. Na folia, o que soa como desamparo melancólico bem pode significar liberdade plena – “fã ou hater?”, perguntariam na internet. Talvez os versos sejam uma mistura de tudo isso e dependam mais da interpretação de quem os lê. Mas não importa. Prefira você pular Carnaval ou pular o Carnaval, sem ver um palmo de serpentina sequer, atravessamos todos mais um cortejo da maior festa popular do mundo. E para a ressaca, preparamos uma seleta de crônicas escritas no pós-festa, ainda com a quentura circulando no sangue...
17 fev 2025

Quitutes & quitandas

Guilherme Tauil
Existe uma pergunta que reverbera em todo balcão de lanchonete: “Do que é esse salgado aqui?”. Nas estufas, há sempre uma variedade de quitutes e salgados para forrar não só os estômagos dos famintos, mas também as laudas dos cronistas, em constante busca de assunto. No longínquo ano de 1992, quando Itamar Franco assumiu a presidência do país, a imprensa batizou seu governo de República do Pão de Queijo, pelo alto número de mineiros empossados na administração. “Da minha parte gostei dessa alcunha”, escreveu o também mineiro Otto Lara Resende, mas nem por isso nomeado para algum cargo público, pois em Minas o pão de queijo é “uma quitanda especial”, superior. A definição do que ele provoca foge...
31 jan 2025

Dinah Silveira de Queiroz entre nós

Guilherme Tauil
Por favor, arrumem um espacinho na mesa do Portal para Dinah Silveira de Queiroz, a nova integrante do time. Ela, que já ocupou a cadeira de número 7 da Academia Brasileira de Letras – foi a segunda mulher a ingressar na instituição, aliás –, recebe agora, em caráter vitalício, a nossa banqueta de número 19. Dinah foi uma “prosadora de mão cheia”, nos informa a professora Cláudia Thomé no perfil biográfico da escritora, e ao longo de quase 50 anos de carreira “publicou contos e romances de destaque, adaptados para o cinema e a televisão”. Sua literatura é excepcionalmente eclética, abarcando gêneros distintos como o romance histórico, a dramaturgia religiosa e a ficção científica, da qual foi...
27 dez 2024

Em memória de Hélio Pellegrino

Guilherme Tauil
Nós é que não fecharíamos as cortinas de 2024 sem antes prestar homenagem ao centenário de Hélio Pellegrino, um artista de sensibilidade muito particular cuja obra ainda está por ser devidamente organizada. Poeta, psicanalista e pensador inconformado, Hélio não escreveu crônicas, mas é personagem de várias. Escolhemos algumas para destacar sua presença na vida intelectual brasileira. Do mineiríssimo grupo que compôs com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Fernando Sabino, os “quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse”, Hélio foi o que menos se dedicou à vocação de escritor. Com exceção de uma plaquete publicada em tiragem mínima, nada de sua lavra saiu em livro....
16 dez 2024

Turistas de dezembro

Guilherme Tauil
Para muitos afortunados, dezembro é mês de planejar viagem e zarpar. Nas malas, geralmente vão apetrechos variados que, de tão característicos, denunciam a situação de conquistado descanso em terras alheias, como chapéus, máquinas e roupas destoantes. Às vezes, porém, o turista precisa fingir que não o é. Ser Turista, mas secreto. Foi o que aconteceu no Recife de 1991, como nos conta Otto Lara Resende. Uma agência local estava oferecendo uma nova modalidade de viagem aos estrangeiros, sempre receosos dos assaltos & afanos brasileiros: o turismo sigiloso. A proposta consistia em um itinerário menos óbvio, com passeios divididos em pequenos grupos, tentando ao máximo não dar bandeira. Pode parecer...
2 dez 2024

Os mais lidos de 2024

Guilherme Tauil
Sei que ainda temos chão pela frente, mas dezembro é um mês tão atípico, com tantas aspirações próprias, que não faz mal deixá-lo de fora da retrospectiva de leitura que preparamos para fechar o ano. De fato, com tanta gente viajando, festejando e descansando por festejar demais, sobra pouco tempo para ler crônicas na internet. Comecemos a retrospectiva de 2024 pelas páginas dos autores – aquelas com o perfil biográfico e a linha cronológica, disponíveis ao clique nas caricaturas reunidas aqui. Dos cinco perfis mais visitados, em primeiro lugar está Rubem Braga, o que não causa espanto algum, visto se tratar do mais importante cronista do país. Na sequência, João do Rio experimentou um merecido momento de glória com a homenagem da Festa Literária Internacional de Paraty. Depois vieram, pela ordem, Fernando Sabino...
21 nov 2024

Buenos Aires em dois tempos

Guilherme Tauil
Quando Maria Julieta Drummond de Andrade chegou a Buenos Aires em 1949, onde viveu por quase três décadas com a família e lecionou na universidade, encontrou “uma cidade onde viver era delicioso”. Seu apartamento no bairro do Retiro era novo, com um conforto que considerou “californiano”: tinha campainha automática – uma grande novidade tecnológica –, ar refrigerado, calefação central, máquina lava e seca importada “e até um gracioso playground no térreo”, onde certamente seus três filhos brincaram muito. Logo na primeira semana, contratou “uma espanholinha veloz” para os afazeres domésticos. Ela fazia de tudo, menos lavar roupas de tecidos mais finos, que eram entregues a uma senhora que, dois...
31 out 2024

Barulhos da vizinhança

Guilherme Tauil
“Quem fala aqui é o homem do 1003”, escreveu Rubem Braga no início de sua crônica na revista Manchete, em um ido outubro de 1954, destinada ao seu vizinho de baixo. “Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento”, continuou. Desolado com sua condição de perturbador da paz alheia, Braga escreveu um Recado ao Sr. 903, dando-lhe toda a razão em pedir silêncio. “Quem trabalha o dia inteiro”, ponderou o cronista, “tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003”. Quando o 1003 se agita, o 903 não pode dormir. Falava assim em números...
15 out 2024

Sessenta anos sem Maria

Guilherme Tauil
Há exatos sessenta anos, em 15 de outubro de 1964, Antônio Maria desobjetivou, como dizia o seu amigo Vinicius de Moraes. Morreu aos 43 anos de um ataque cardíaco, justo onde e quando mais procurou viver: na rua, de madrugada. Não dá para dizer que um homem que tanto escreveu sobre corações foi traído pelo próprio, pois os sinais foram se acumulando, e a luz de emergência que se acendeu com o primeiro infarto, submetendo o cronista a regimes e a um estilo de vida um pouquinho mais comedido, não foi suficiente para evitar o segundo, fulminante. Em sua memória, preparamos esta homenagem com um recorte pouco usual de suas crônicas, destacando algumas que mencionam São Paulo, aonde o cronista ia com...
30 set 2024

De repente, a chuva

Guilherme Tauil
Em setembro de 1951, Rubem Braga tirou dois meses para passear pela Itália. Não era a primeira vez que se aventurava por lá: cerca de sete anos antes, tinha sido correspondente durante a Segunda Guerra ao lado da Força Expedicionária Brasileira, e das trincheiras escreveu seus relatos sobre os conflitos e os pracinhas. Agora, longe de bombas e cobras com cigarros na boca, o cronista podia escrever sobre as coisas belas da vida – porque estava de férias, mas sua coluna no Correio da Manhã ainda precisava ser preenchida diariamente. Em uma crônica sem nome que não entrou em livro algum, o escritor testemunhou a chegada da chuva italiana, há muitos meses sem molhar ninguém, do alto de um terraço...
17 set 2024

De janela em janela

Guilherme Tauil
Sempre que se mudava para uma casa nova, a primeira providência que Paulo Mendes Campos tomava era instalar os instrumentos de trabalho ao lado de uma janela: “mesa, máquina de escrever, dicionários, paciência”, além de cacarecos e bibelôs, como uma galinha de barro, um Buda de marfim e três cachimbos que pacientemente o aguardavam virar um “homem tranquilo e experiente que fuma cachimbo”. As janelas, ressalta, fazem parte do trabalho do escritor. Sem elas, “a literatura seria irremediavelmente hermética, feita de incompreensíveis pedaços de vida, lágrimas e risos loucos, fúrias e penas”. Por isso, Paulo prezava por todas as janelas que teve na vida, guardando na memória “um sortido patrimônio de...
2 set 2024

A vida própria das palavras

Guilherme Tauil
Em 1905, durante uma conferência no antigo Salão Steinway, cujos pilares ainda estão de pé na avenida São João da capital paulista, o poeta Olavo Bilac decretou, a quem pudesse interessar, que as palavras tinham vida própria. De fato, elas vão e vêm como querem, e na boca do povo ganham sons, perdem letras e tomam caminhos insuspeitos. Às vezes, também são vítimas de reformas ortográficas, que lhes impõem certas intervenções pelas mãos nem sempre delicadas dos gramáticos. Como da última vez, Bilac, que também foi cronista, dá o gancho para falarmos de algumas crônicas dedicadas às palavras. No Rio de Janeiro de 1969, Carlos Drummond de Andrade foi o único a notar que as pernas das moças...
15 ago 2024

Inculta, bela e complicada

Guilherme Tauil
Foi Olavo Bilac que, em parnasianíssimo soneto, tratou a língua portuguesa por “última flor do Lácio, inculta e bela”, referindo-se ao fato de que o nosso idioma foi o último a se desprender do latim vulgar, isto é, aquele praticado por gente como a gente, na região do Lácio, onde outrora retumbaram hinos do império romano. Por isso, inculta. Bela, é claro, não carece de explicação. Embora ao falante de português seja muito justo o sentimento de gratidão por não ter sido alfabetizado em alemão ou em húngaro, é inegável que o adjetivo “complicada”, ou ao menos “complicadinha”, cairia bem no poema de Bilac dedicado à língua materna. Nossos tropeços são muitos, as dúvidas incontáveis, e vira e mexe se tornam...
31 jul 2024

Leitores do velho Graça

Guilherme Tauil
Em janeiro deste ano, a obra de Graciliano Ramos entrou em domínio público, e alguns de seus romances já chegaram de cara nova às prateleiras. Até o momento, no entanto, não se tem notícia de reedições dos seus livros de crônicas. Embora a prosa curta do alagoano seja ofuscada pela longa, suas crônicas sobreviveram ao tempo e foram compiladas nos volumes póstumos Linhas tortas e Viventes das Alagoas, ambos de 1962. Três dos nossos cronistas aqui do Portal escreveram sobre Graciliano, sendo Rubem Braga o mais chegado no assunto. Não é pra menos, já que os dois foram vizinhos durante alguns meses de 1937, no Rio de Janeiro. Braga morava numa pensão da rua Corrêa Dutra, 164, no Catete, e levou...
15 jul 2024

Flanar com João do Rio

Guilherme Tauil
Você já deve ter visto que o homenageado da próxima Flip, em sua 22ª edição, será João do Rio. Pela primeira vez a Festa Literária Internacional de Paraty põe um cronista no centro do palco. Embora vários outros patronos tenham praticado a crônica, nenhum esteve tão próximo do gênero como o atual – é possível falar de Clarice Lispector sem mencionar suas laudas de jornal, mas não há conversa sobre João que deixe suas crônicas de lado. João do Rio, na verdade, era só um dos muitos pseudônimos com que Paulo Barreto assinou seus textos na imprensa carioca dos primórdios do século XX. E a crônica, só um dos muitos gêneros exercidos por este profícuo escriba que morreu cedo, antes de completar 40, mas deu conta de...
1 jul 2024

Dias de inverno

Guilherme Tauil
Lá em 1893, quando as estações do ano tinham mais cara própria, Machado de Assis se queixou numa crônica que o inverno andava mais longo e cruel que de costume. “Quem acorda cedo, quando a Aurora, como na Antiguidade, abre as portas do céu com os seus dedos cor-de-rosa, entenderá bem o que digo”, escreveu o cronista de hábitos matutinos: “Eu levanto-me com ela, aspiro o ar da manhã, e não me queixo; eu amo o frio”. O escritor, aliás, nasceu num 21 de junho, há 185 invernos, justo no dia em que caem as últimas folhas do outono e o vento gelado vem irritar nossas narinas. Leitor atento das notícias da Europa, Machado achou curioso que os europeus andassem penando num calorão intenso, a ponto de estarem sempre...
1234
Instituto Moreira Salles
Fundação Casa de Rui Barbosa
Portal da Crônica Brasileira
  • Sobre o portal
  • Crônicas
  • Autores
  • Rés do Chão
  • Artes da Crônica
  • Créditos
  • Contato

2018 © Portal da Crônica Brasileira
Desenvolvido com Shiro por Plano B

  • Quem somos
  • Código de conduta
  • Política de privacidade
  • Termos de Uso
desenvolvido por Plano B